domingo, 20 de junho de 2010

'Apartheid cultural em BH' acerta alvo da 60ª semana


Atualizado às 07h47 - 25/06 Realmente, Belo Horizonte sempre foi uma cidade dividida. A prova veio com a arena da copa, principal atração da prefeitura de Belo Horizonte para o Mundial da África. A notícia-metáfora (11/06), produzida por Luiz Gustavo e disponibilizada no site do Uol, acertou na mosca o alvo da 60ª semana do Target NewsWeek, game de análise de notícias que classifica as cinco (se houver)que fizeram a diferença ao longo da semana. Além da arena montada na Praça da Estação, outra estrutura foi erguida na Praça JK, na Zona Sul da capital mineira, de onde os torcedores podem assistir aos jogos da copa através de um telão, além de diversas atrações musicais. Ao menos na abertura da Copa do Mundo, a arena montada na Praça da Estação esteve praticamente vazia em sua inauguração, o que não esconde a hipocrisia dos organizadores de fazer o favor de montar duas estruturas separadas por classe social: uma para os pobres e outra para os bem aquinhoados. A falta de organização e planejamento de eventos culturais em BH vai muito além de uma questão de logística. Passa necessariamente por uma cultura de apartheid que separa a elite dos cidadãos que residem na base da pirâmide social. Um exemplo é a Vila do Papai Noel montada há alguns anos na Praça Mangabeiras. Um evento que poderia ser itinerante só reforça a tese de apartheid cultural na Cidade Jardim, como 'Beozonte' ficou conhecida.

Apartheid ("separação" em africânder) foi um regime de segregação racial adotado legalmente em 1948 pelo Partido Nacional na África do Sul segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Este regime foi abolido por Frederik de Klerk em 1990 e, finalmente, em 1994 eleições livres foram realizadas.

Causas e consequências da notícia A notícia reforça a tese de que a mídia só tem feito alargar ainda mais esse apartheid cultural que a cidade sempre tentou esconder. Já não é novidade para ninguém a cultura dos telejornais locais de só reportar eventos culturais depois de ocorridos, sem ao menos terem sido anunciados com antecedência o dia e a hora de realização dos mesmos. Coincidência ou não, isso só acontece com os eventos onde a elite belo-horizonte tem lugar cativo. Mas quando as empresas de mídia tem interesse de monetização recorrem à audiência da massa ignara. É o caso do show do Skank no Mineirão, antes da reforma do estádio para a Copa de 2014. A emissora de TV participante do evento não se cansa de fazer chamadas. Tal lacuna revela que o apartheid não morreu nem na África nem aqui. Estamos todos segregados por algum motivo... Lá, os brancos ainda resistem à igualdade racial, aqui tememos assistir a um simples jogo de futebol, juntos.

Reveja agora as outras notícias que acertaram o alvo na última semana:

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